O que é Anemia?
Anemia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal, levando à diminuição da capacidade de transporte de oxigênio. A hemoglobina é a substância que nosso corpo utiliza para transportar o oxigênio. Ela é carregada em nosso sangue pelas hemácias ou glóbulos vermelhos.
Há várias causas para o problema, porém, a anemia causada por deficiência de ferro, denominada Anemia Ferropriva, é muito mais comum que as demais (estima-se que mais de 90% das anemias sejam causadas por carência de Ferro). O ferro é um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na síntese (fabricação) das células vermelhas do sangue e no transporte do oxigênio para todas as células do corpo.
Crianças, gestantes, lactantes (mulheres que estão amamentando), meninas adolescentes e mulheres adultas em fase de reprodução são os grupos mais afetados pela anemia. Contudo, os homens, especialmente os idosos, também podem ser afetados pelo quadro de hemoglobina baixa.
Classificação da anemia
Há várias formas de se classificar as anemias. Elas podem ser divididas pelas suas causas, pelas alterações que elas causam nos exames de sangue ou pela gravidade. Mais comumente, explicamos que a anemia pode nascer com o indivíduo (neste caso, temos uma anemia hereditária) ou pode acometer a pessoa por algo que lhe acontece durante a vida (neste caso, são as anemias adquiridas).
Anemias hereditárias: As anemias hereditárias geralmente se relacionam a alterações genéticas na fabricação do glóbulo vermelho – seja da membrana que dá forma ao glóbulo vermelho, seja das substâncias que estão em seu interior – hemoglobina e proteínas (enzimas). Neste grupo, temos algumas causas comuns em nossa população, como as talassemias (ou anemias do Mediterrâneo), comuns em indivíduos com ascendência italiana, portuguesa e libanesa; ou ainda a anemia falciforme, mais comum, no Brasil, em indivíduos com ascendência africana.
Anemias adquiridas: As anemias adquiridas podem acontecer por carência de nutrientes, por alterações na medula óssea ou ainda por outra doença que causa anemia por outros mecanismos. Assim, nos quadros de carência de vitaminas, podemos citar a falta de ferro ou de vitamina B12.
Nas doenças da medula óssea, podemos citar a leucemia ou a síndrome mielodisplásica. Já nas doenças que causam anemia por outros mecanismos, citamos as diversas doenças reumatológicas e infecciosas, a insuficiência renal crônica ou as alterações de tireoide.
Outra forma de classificar a anemia é pelas causas. Nosso sangue é fabricado diariamente em nossa medula óssea. A cada segundo, são produzidos e destruídos quase 2,5 milhões de glóbulos vermelhos.
Para fabricar cada hemácia, é necessária a integridade da medula óssea e nutrientes adequados. Boa parte desses nutrientes vêm dos glóbulos vermelhos diariamente destruídos, depois de circularem por 4 meses no organismo, com seus componentes quase que integralmente reciclados.
Além da medula óssea e dos nutrientes, é necessária uma estimulação adequada da medula por substâncias que informam as necessidades de oxigênio do nosso corpo. A mais importante é a eritropoietina, produzida em nossos rins.
A integridade de nossa circulação também é fundamental. Ou seja, se os glóbulos vermelhos são perdidos por sangramento, por exemplo, também podemos ter uma baixa na hemoglobina.
Tipos de Anemia
Anemia por falta de produção dos glóbulos vermelhos
Essa é a forma mais comum de anemia. Pode ocorrer especialmente pela falta de nutrientes, como o ferro, mas também por interrupção da produção da medula óssea e falta de eritropoietina, que pode ser ocasionada por insuficiência dos rins ou doenças inflamatórias, autoimunes ou infecciosas.
Anemia ferropriva
Anemia ferropriva é o tipo de anemia decorrente da deficiência de ferro dentro do organismo levando à uma diminuição da produção, tamanho e teor de hemoglobina dos glóbulos vermelhos, hemácias. O ferro é essencial para a produção dos glóbulos vermelhos e seus níveis baixos no sangue comprometem toda cascata de produção das hemácias. Saiba mais sobre a anemia ferropriva aqui!
Anemia por deficiência de vitamina B12
Na anemia por deficiência de vitamina B12, ocorre baixa contagem de hemácias devido a pouca quantidade dessa vitamina no organismo.
Anemias causadas por deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico, no geral, são chamadas de anemias megaloblásticas. Já a deficiência de vitamina B12 causada por falha de nosso organismo em obtê-la é chamada de anemia perniciosa.
Anemia perniciosa
A anemia perniciosa é um tipo de doença autoimune que ataca os mecanismos normais de obtenção de vitaminas B12 dos alimentos. Nessa doença, apesar de você se alimentar adequadamente, a vitamina não consegue entrar em nosso corpo.
Mais raramente, a deficiência de vitamina B12 pode resultar de uma dieta deficiente desta vitamina, que é encontrada principalmente em carnes, ovos e leite. Esse é um problema mais comum em vegetarianos e veganos.
Anemia aplástica
Esta é uma anemia rara, com risco de morte, que ocorre quando a medula óssea é destruída por diversos mecanismos e não consegue produzir a quantidade suficiente de glóbulos vermelhos e das demais células sanguíneas fundamentais para o nosso organismo, como os glóbulos brancos e as plaquetas.
Nessa doença, a medula óssea normal acaba sendo substituída por gordura, que não produz as células adequadamente. Na maior parte dos pacientes, é causada por um mecanismo autoimune, que pode ser disparado por infecções, outras doenças autoimunes e exposição a produtos químicos tóxicos. A doença pode se manifestar de diferentes formas e intensidades.
Anemia causada por outras doenças
Algumas doenças podem afetar a capacidade do corpo de fazer glóbulos vermelhos. Por exemplo, alguns pacientes com doença renal desenvolvem anemia por falta da eritropoietina, não conseguindo sinalizar a medula óssea que ela deveria fazer novos ou mais glóbulos vermelhos.
A quimioterapia utilizada para tratar vários tipos de câncer também prejudica a capacidade do corpo de fazer novos glóbulos vermelhos, podendo causar a anemia.
Anemia por excesso de destruição ou anemia hemolítica
Em pessoas saudáveis, os glóbulos vermelhos vivem cerca de 120 dias antes de serem descartados pelo organismo. Na anemia hemolítica, os glóbulos vermelhos no sangue são destruídos antes do tempo normal, sem dar tempo de serem repostos pela medula óssea.
A anemia hemolítica também tem sua forma autoimune, que ocorre quando o sistema imunológico identifica erroneamente seus próprios glóbulos vermelhos como corpos estranhos, desenvolvendo anticorpos que atacam as hemácias, destruindo-as muito prematuramente. Entenda mais sobre a anemia hemolítica!
Anemia falciforme
A anemia falciforme é um tipo de doença hemolítica hereditária (passa dos pais para os filhos), caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia.
É importante não confundir a anemia falciforme com a anemia ferropriva, causada por deficiência de ferro. A segunda é muito mais comum (estima-se que 90% das anemias sejam causadas por carência de ferro).
Anemia por perdas sanguíneas excessivas
Nesse tipo de anemia, estão incluídas as anemias por perdas agudas, como as que acontecem em um acidente ou em hemorragias. As perdas crônicas podem ser bem enganadoras, porque acontecem lentamente, passando pouco percebidas e permitindo que nosso corpo se adapte à baixa da hemoglobina, que às vezes pode ser bem grave.
Exemplos desse tipo de anemia ocorrem em adolescentes e mulheres jovens, em que a menstruação pode ter um fluxo excessivo. Há também pequenas perdas crônicas, que podem acontecer por câncer de intestino, por exemplo. Essas perdas crônicas levam a uma baixa de hemoglobina por deficiência de ferro.
Causas da Anemia
As causas da anemia podem ser divididas em:
- Não produção de células sanguíneas vermelhas suficientes pelo corpo
- Sangramentos, que fazem com que você perca glóbulos vermelhos mais rapidamente do que eles podem ser substituídos
- Destruição dos glóbulos vermelhos (anemias hemolíticas).
Fatores de risco
Nas anemias adquiridas, existem situações que podem colocar você em um maior risco de desenvolver o problema, como:
Uma dieta que não possui certas vitaminas
Ter uma dieta com baixas quantidades em ferro, vitamina B12 e ácido fólico aumenta o risco de anemia. Esse risco é bem maior em pessoas com necessidade maior de ferro, como crianças em crescimento e gestantes. Um adulto com carência de ferro ou vitamina B12 deve ser investigado por médico antes de se atribuir anemia a falha da dieta.
Distúrbios intestinais
Ter uma desordem intestinal que afeta a absorção de nutrientes no intestino delgado – como doença de Crohn e doença celíaca – coloca você em risco de anemia.
Menstruação
Em geral, as mulheres que não chegaram ainda na menopausa apresentam maior risco de anemia ferropriva do que homens e mulheres na pós-menopausa. Isso porque a menstruação causa a perda de glóbulos vermelhos.
Anemia na gravidez
Se você está grávida e não está tomando um multivitamínico com ácido fólico, você pode estar com um risco aumentado de anemia.
Condições crônicas
Se você tem câncer (como mielofibrose), insuficiência renal ou outra condição crônica, você pode estar em risco de anemia. Essas condições podem levar a uma escassez de glóbulos vermelhos. (3)
Cirurgia Bariátrica
Cirurgias que removem o estômago ou duodeno e cirurgia bariátrica diminuem a capacidade de absorção da vitamina B12 e do ferro. Todo paciente que fará esse tipo de procedimento tem de ser preparado e depois acompanhado para impedir anemia no pós-operatório. Esta tem sido uma causa emergente de anemia por deficiência de ferro ou vitamina B12.
Sintomas de Anemia
Os sintomas de anemia são inespecíficos, necessitando-se de exames laboratoriais (sangue) para que seja confirmado o diagnóstico. Entretanto, os principais sinais físicos da anemia são:
- Fadiga generalizada
- Anorexia (falta de apetite)
- Palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas)
- Olhos amarelados (nas anemias hemolíticas)
- Menor disposição para o trabalho
- Dificuldade de aprendizagem nas crianças
- Falta de ar
- Tontura
- Dor no peito
- Mãos e pés frios
- Dor de cabeça
- Apatia (crianças muito “paradas”)
- Vontade de comer substâncias não alimentares, como gelo ou arroz cru
- Formigamento nas mãos e pés.
Uma vez apresentando quadro de cansaço, fraqueza, indisposição, amarelamento de pele e mucosas, o paciente deve procurar o médico para um diagnóstico adequado e, se necessário, procurar um médico hematologista.
Alimentação para anemia
A alimentação é primordial para a prevenção e tratamento da anemia. Portanto, encaixar substâncias como vitamina A, ferro e ácido fólico no cardápio acaba se tornando um passo essencial para a manutenção de nossa saúde.
Você pode encontrar estes componentes em alimentos como:
- Carne vermelha
- Verduras de folhas escuras e leguminosas
- Alimentos alaranjados
- Ovos
Dieta para anemia
Confira 7 elementos que ajudam a combater a anemia:
- Ferro
- Vitamina A
- Ácido fólico
- Vitamina B12
- Vitamina C
- Alimentos amargos para absorver os nutrientes
- Cobre e zinco
Anemia tem cura?
As anemias adquiridas geralmente têm cura – principalmente as mais comuns (baixa ingestão ou perda aumentada de ferro e deficiência de absorção de vitamina B12).
As que ocorrem devido a outras causas (problemas em rins ou doenças reumatológicas) são tratadas indiretamente, uma vez que o tratamento destes problemas acaba por resolver a anemia.
Já as anemias que são causadas por problemas na medula óssea, por terem quadros mais complexos, e as anemias hereditárias, por serem de causa genética, necessitam de tratamentos mais específicos.
Complicações possíveis
Sem tratamento, a anemia pode causar muitos problemas de saúde, tais como:
- Fadiga severa
- Complicações de gravidez
- Complicações em crianças
- Problemas cardíacos
Prevenção
As causas mais comuns de anemia podem ser prevenidas com dieta balanceada e equilibrada e com acompanhamento médico regular.
Fomte: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/anemia
Referências:
- (1) Ministério da Saúde
- (2) Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil, médico hematologista do Hospital Santa Paula
- (3) Mayo Clinic
- (4) American Society of Hematology
- (5) Dra. Mary Vieira Pedroso, médica hematologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
- (6) Dr. Guilherme Henrique Hencklain Fonseca, médico hematologista do Hospital Santa Paula